segunda-feira, 28 de setembro de 2020

Autistas adultos são mais propensos a apresentarem comorbidades crônicas e características de condições coexistente, especialmente no Coração, Pulmão e diabetes, em mulheres esses dados podem ser 2x maiores, conforme novo estudo apresentado pela Universidade de Cambridge.




Estudos anteriores já mostravam que autistas tinha uma taxa de mortalidade maior, além de morrerem mais jovens, em parte devido as condições crônicas de saúde, além de outros estudos mostrarem que autistas teriam risco aumentado naturalmente em desenvolver outras patologias associativas.

A pesquisa recente avaliou 1.156 autistas em comparação com 1.212 neurotípicos, foram feitas avaliações relacionadas aos hábitos de vida, forma de alimentação, atividades laborais entre diversos outros fatores. Os estudos mostrar que autistas teriam 1,5% a 4,3% mais chances de apresentar condições especificas de saúde tais como hipertensão, arritmias, asma e pré-diabético.

Em complemento esse foi o primeiro estudo dentro de um contexto maior avaliar questões relacionadas ao fumo, ao uso de álcool e do IMC. Surpreendentemente, os resultados mostram que esses fatores de estilo de vida (que aumentam o risco de problemas crônicos de saúde física na população em geral) não são responsáveis pelo aumento do risco de tais doenças vistas entre os autistas. Ou seja, dentro de um contexto amplo naturalmente teremos uma maior prevalência por questões associativas dentro de uma característica genética relacionada ao autismo. Vale lembrar que a utilização de tais compostos somatizam da mesma forma, só que a não utilização não garantira o aparecimento de trais patologias.

O Estudo também se aprofundou mais no âmbito do sexo feminino, parte pouco estudada anteriormente. Os resultados revelaram que mulheres autistas, ainda mais que os homens autistas, são mais propensas a apresentarem maior probabilidade de tais riscos citados anteriormente. Ou seja, dentro de um contexto avaliativo mulheres teriam 8,6% mais chances de apresentar um estado pré-diabético que uma mulher neurotípicas, e 4,3% contra um homem autista.

Tais estudos ajudam a identificar caraterísticas primárias para que juntos possamos trabalhar os efeitos mais presentes no meio Autístico, trabalhando a melhora da qualidade de vida no aspecto que relaciona alimentação, exercícios e outros fatores que corroboram para um funcionamento melhor do organismo humano.

Autista Savant Jacson Marçal @jacsonfier no Instagram

Referência:

Elizabeth Weir, Carrie Allison, Varun Warrier, Simon Baron-Cohen. Maior prevalência de condições de saúde física não transmissíveis entre adultos autistas . Autismo , 2020; 136236132095365 DOI: 10.1177 / 1362361320953652

sexta-feira, 25 de setembro de 2020

Autistas tendem a ter maiores problemas visuais, apontam estudos.

 


É muito comum encontrar autistas com problemas visuais, dos mais variados, essas observações devem ser analisadas para que possamos gerir melhor as informações e o meio de adaptação com relação ao Autismo e a visão.

No estudo de Atlanta, 7% das crianças que tinham baixa acuidade visual, mesmo com correção, tinham autismo. Estudos de registros de clínicas oftalmológicas também sugerem que crianças autistas são propensas a sérios problemas de visão: entre 2.555 crianças em uma clínica universitária de autismo, cerca de 11% tinham distúrbios de visão significativos , incluindo estrabismo, em que os olhos estão desalinhados, e ambliopia, na qual a visão em um ou ambos os olhos resulta do desenvolvimento visual inicial anormal. (Cerca de 7 % das crianças dos EUA em geral têm um distúrbio de visão , de acordo com os Centros para Controle e Prevenção de Doenças.)

Dentro dessa abordagem eu comecei a observar fatores relacionados a minha visão e ligação com outros autistas que também tinha uma significativa alteração visual, ou que estariam em desenvolvimento, dentro dos estudos observados, fazer a ligação do Autismo com problemas visuais podem facilitar processos de antecipação para processos com maior efeito negativo.

Hoje é possível observar que a relação de alteração cerebral para hipersensibilidade ou Hipo auditiva tem ligações correlacionadas no nosso processo de neurodesenvolvimento, uma adaptação diferente, ocorrida dentro do espectro em Autistas que apresentem alguma alteração visual ou venham a desenvolver qualquer tipo de alteração observadas nos estudos.

Outro estudo mais recente publicado este mês, a equipe de Chang revisou os registros médicos de mais de 10 milhões de crianças e descobriu que 13,5% das crianças autistas têm distúrbios de visão, em comparação com 3,5% das crianças típicas. As crianças com autismo têm cerca de 5 vezes mais probabilidade de ter nistagmo do que as crianças normais, em que os olhos se movem ritmicamente para a frente e para trás, descobriram, e são 3,5 vezes mais probabilidade de ter estrabismo e 2,5 vezes mais probabilidade de ter ambliopia.

Com essa relação e com os estudos apresentados, comecei a observar relações com nistagmo e meu autismo, observando um movimento involuntário constante, comecei a ficar muito agitado chegando ao ponto de consultar um neurologista e oftalmologista, onde a ligação dos zumbidos com nistagmo me enquadrou nesse aspecto de percepção. Indo mais além em uma breve anamnese familiar por características hereditárias descobri no histórico familiar da minha mãe uma sequencia igual dentro desses padrões.

Compreender o autismo em deficientes visuais também pode fornecer informações sobre o autismo em geral.  Acompanhar o desenvolvimento de crianças com hipoplasia do nervo óptico ou outras causas de cegueira congênita pode ajudar os cientistas a identificar os primeiros sinais de autismo, diz Borchert, semelhante a estudos de "irmãos bebês" e outros grupos com elevada chance de autismo. O estudo dessa população também pode ajudar os pesquisadores a identificar as influências biológicas ou ambientais ou as áreas do cérebro importantes para as alterações visuais. 

O colículo superior, uma parte do tronco cerebral, se conecta à retina e desempenha um papel na atenção visual, incluindo atenção precoce aos rostos, processamento do movimento biológico e reação a estímulos emocionais.  A interrupção do seu desenvolvimento pode contribuir para a ligação do autismo em indivíduos com características associativas em fatores que liguem seu estado a sua visão.

Dentro desses quadros avaliativos, a sugestão pós estudo é manter todo processo investigativo, anual com acompanhamento oftalmológico, evitando e blindado possíveis distúrbios visuais e agravantes associativos.

Conforme já abordei aqui em outros Artigos, sempre devemos observar características que ligam o Autismo a sua percepção  do sistema nervoso central, com relação a todo nosso organismo, minha deficiência visual hoje, relacionada a visão monocular pode servir de exemplo para processos que auxiliem autistas a blindar possíveis patologias que ocasionem vários transtornos adicionais relacionados a visão no espectro. Hoje sou um Autista com Visão Monocular, Astigmatismo, Miopia, Hipermetropia, Daltonismo, Nistagmo além de relação a dificuldade de proporção correlacionado a Síndrome de Alice.

Autista Savant – Jacson Marçal @jacsonfier no Instagram.

Referencias:

https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32896499/

https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/31676470/

https://www.spectrumnews.org/features/deep-dive/what-baby-siblings-can-teach-us-about-autism/

https://www.spectrumnews.org/features/special-reports/autism-brain-region-by-region/

 

quarta-feira, 23 de setembro de 2020

O capacitismo mascarado por ações típicas, tidas como naturais.

 

Hoje em dia é muito difícil ser um PcD “Pessoa com Deficiência”  no meio social como um todo, as pessoas acabam por si só julgando direta e indiretamente ações, posicionamentos ou atitudes de pessoas com deficiência. O capacitismo fica mascarado entre essas questões sociais, quando percebemos já estamos sendo afetados direta e indiretamente por todo mal que isso gera para nossa sociedade.


O Capacitismo nada mas é do que uma forma muito bitolada de pensamento que toda deficiência deve ser vista como algo a ser superado ou corrigido, o capacitismo anula a comunicação com a pessoa com deficiência terceirizando a comunicação.


O pior do capacitismo são posicionamentos tidos como naturais, falando para um Autista frases como;


“Nossa você nem parece Autista” 

“Nossa você parece tão bem para ser Autista”

“Nossa você não tem cara de Autista”


Como no Autismo ao se dirigir a uma pessoa que tenha um certo controle social, uma certa estabilidade essa forma mascarada de capacitismo gera uma desordem gigantesca para com Autista, onde essa ação possa gerar uma confusão, ou até mesmo uma desordem maior acarretando uma crise por falta de entendimento e auto questionamento.


Quando uma pessoa começa a julgar o Autista, ou qualquer pessoa pelo seu padrão mesmo que tenha entendimento que o padrão possa ser apenas um único modelo, isso causa muita dificuldade e insegurança para pessoas que não entende as diferenças que são encontradas no meio social em que vivemos. O extremo do capacitismo envolve o machismo, um racismo disfarçado, além da deficiência onde um nível de supremacia se coloque em um posicionamento único perante sua visão critica e analítica, o pior de tudo é quando o capacitismo gera uma visão distorcida de como cada deficiente deve ser, agir ou pensar. Isso anula possibilidades de melhoras e entendimento para com nossa equidade perante a sociedade.


Até quando vamos passar por situações adversas, sendo forçados a essa adaptação forçada, por não podermos ter liberdade muito menos voz, o capacitismo faz isso, transforma a voz em uma única opinião, desmerece e tira a oportunidade das pessoas com deficiência terem sua voz presente, além das intimidações e uma forma de pensar unificada sobre cada indivíduo. Vamos mudar esse meio social, vamos conscientizar já nossa sociedade sobre o capacitismo e suas influências negativas para com meio social.


Autista Savant - Jacson Marçal @jacsonfier nas redes sociais.


terça-feira, 8 de setembro de 2020

O Autismo e Genética uma abordagem ampla.

 



Conforme as pesquisas mais recentes os principais genes que têm ligação com o Autismo mostram um mapeamento com aberturas desde 1970. Desde então, os cientistas vêm descobrindo potenciais culpados genéticos no autismo, um processo que as tecnologias de decodificação de DNA  vem se aprimorando na última década, conforme observações analisadas no Autismo, verificamos uma estruturação bem maior, que tem uma fase de estudo superior a 1000 anos do processo evolutivo, humano.


Vale observar também estudos de YALE que reforçam diretrizes do processo evolutivo em relação a tais modificações genéticas dentro do processo evolutivo humano, com forte ligações da estrutura do DNA dentro do Autismo. 


À  medida que esse trabalho vem sendo aperfeiçoado,  cientistas começam a observar várias mudanças na característica genética que influencia na base de estudos sobre o Autismo. Conforme maior é esse aprofundamento,  mais dados são incorporados e mais amplo o espectro se mostra..


Como os pesquisadores conseguiram chegar a percepção que o genes contribuem para o autismo?


Desde o primeiro estudo com gêmeos com autismo em 1977, várias equipes compararam as taxas de autismo em gêmeos e mostraram que o autismo é altamente hereditário . Quando um gêmeo idêntico tem autismo, há cerca de 80% de chance de que o outro gêmeo também tenha. A taxa correspondente para gêmeos fraternos é de cerca de 40%.


No entanto, a genética claramente não leva em conta todos os riscos de autismo. Fatores ambientais também contribuem para a condição embora os pesquisadores discordem sobre as contribuições relativas dos genes e do meio ambiente. 


Alguns fatores de risco ambientais para o autismo, como a exposição a uma resposta imunológica materna no útero ou complicações durante o nascimento, podem trabalhar com fatores genéticos para o aparecimento do autismo ou intensificar suas características. Essa característica pode ser facilmente observada dentro do então enquadramento e explicações que já abordei no meu canal no Instagram, sobre o Autismo e a Epigenética. 



Genética em movimento: o segredo para entender o autismo está em grande parte no nosso DNA.


Existe um gene do autismo ?


Na verdade não. Existem várias condições associadas ao autismo que se originam de mutações em um único gene, incluindo as síndromes do X frágil e Rett. Porém, menos de 1% dos casos não associados de autismo resultam de mutações em um único gene. Até agora, pelo menos, não existe um "gene do autismo"  o que significa que nenhum gene sofre mutação consistente em todas as pessoas com autismo. Também não parece haver nenhum gene que causa autismo sempre que sofre mutação.


Ainda assim, a lista de genes implicados no autismo está crescendo. Os pesquisadores registraram cerca de 100 genes que consideram fortemente ligados ao autismo, mais de 286 associativos e mais de 1000 dentro de novas abordagens. Muitos desses genes são importantes para a comunicação entre neurônios ou para controlar a expressão de outros genes.


Como esses genes contribuem para o autismo?


Mudanças, ou mutações, no DNA desses genes podem levar ao autismo. Algumas mutações afetam um único par de bases de DNA, ou 'letra'. Na verdade, todo mundo tem milhares dessas variantes genéticas. Uma variante encontrada em 1% ou mais da população é considerada "comum" e é chamada de polimorfismo de nucleotídeo único, ou SNP.


As variantes comuns geralmente têm efeitos sutis e podem trabalhar juntas para contribuir para o autismo. Variantes 'raras', encontradas em menos de 1% das pessoas, tendem a ter efeitos mais fortes. Muitas das mutações associadas ao autismo até agora são raras. É significativamente mais difícil encontrar variantes comuns para o risco de autismo, embora alguns estudos estejam em andamento.


Outras mudanças, conhecidas como variações do número de cópias (CNVs) , aparecem como deleções ou duplicações de longos trechos de DNA e frequentemente incluem muitos genes.


Mas as mutações que contribuem para o autismo provavelmente não estão todas nos genes, que constituem menos de 2% do genoma. Os pesquisadores estão tentando vasculhar os 98% restantes do genoma em busca de irregularidades associadas ao autismo. Até agora, essas regiões são mal compreendidas.


Todas as mutações são igualmente prejudiciais ?


Não. No nível molecular, os efeitos das mutações podem diferir, mesmo entre os SNPs. As mutações podem ser prejudiciais ou benignas, dependendo do quanto alteram a função da proteína correspondente. Uma mutação missense, por exemplo, troca um aminoácido da proteína por outro. Se a substituição não alterar significativamente a proteína, é provável que seja benigna. Uma mutação sem sentido, por outro lado, insere um sinal de 'pare' dentro de um gene, fazendo com que a produção de proteína seja interrompida prematuramente. A proteína resultante é muito curta e funciona mal, se é que funciona.


Como as pessoas adquirem mutações?


A maioria das mutações é herdada dos pais e podem ser comuns ou raras. As mutações também podem surgir espontaneamente em um óvulo ou espermatozóide e, portanto, são encontradas apenas na criança e não em seus pais. Os pesquisadores podem encontrar essas raras mutações " de novo " comparando as sequências de DNA de pessoas com autismo com as de seus familiares não afetados. Mutações espontâneas que surgem após a concepção costumam ser "mosaico", o que significa que afetam apenas algumas células do corpo.


A genética pode explicar por que os meninos têm mais probabilidade do que as meninas de ter autismo?


Entre partes. As meninas com autismo parecem ter mais mutações do que os meninos com o Autismo. E meninos com autismo às vezes herdam suas mutações de mães não afetadas. Juntos, esses resultados sugerem que as meninas podem ser de alguma forma resistentes a mutações que contribuem para o autismo e precisam de um acerto genético maior para ter a condição coexistente. Porém estudos mostram uma variação de alternância no Autismo feminino, apresentado uma linha ainda não investigada, que afeta sua percepção e camuflagem no meio típico comum. Sendo assim podemos ter uma parcela quase igualitária na presença de meninas dentro do espectro.


Existe uma maneira de testar as mutações antes de uma criança nascer?


Os médicos rastreiam rotineiramente os cromossomos de um bebê em desenvolvimento para identificar grandes anormalidades cromossômicas, incluindo CNVs. Existem testes genéticos pré-natais para algumas síndromes associadas ao autismo, como a síndrome do X frágil. Mas mesmo que um bebê em desenvolvimento tenha essas mutações raras, não há como saber com certeza se ele será mais tarde diagnosticado com autismo.


Dentro dessas observações podemos notar que o abismo da genética relacionada ao DNA e seus mapeamentos no Autismo precisa de tempo e mais estudos para um avanço significativo para possíveis adaptações e aprimoramentos a terapias adicionais além do entendimento amplo para as particularidades dentro do espectro do Autismo. 


Autista Savant Jacson Marçal @jacsonfier nas redes sociais. 


Fonte:


Acessado 03/09/2020 às 20:10 /www.washingtonpost.com/national/health-science/is-there-such-a-thing-as-an-autism-gene/2017/06/30/21f35f00-5ce1-11e7-9fc6-c7ef4bc58d13_story.html


Agressividade e Autismo, suas variações, observações e devido apoio no meio neurodiverso.

 


No autismo é muito comum que possamos apresentar várias desordens ou simplesmente uma resposta que possa ser considerada crítica ou com certa rispidez para o meio típico comum. Dentro dessas observações precisamos primeiro saber separar essas características;


Resposta automática do Autista:


O Autista apresenta uma maneira única e particular dentro do aspecto,  cada autista poderá ser bem direto, incisivo e enfático em suas respostas, para meio típico como, poderá ser confundido com uma agressividade ou crítica,  sendo apenas um modo único e particular de cada autista para resposta em determinadas situações. 


Dentro desse aspecto, atividades de reforços podem auxiliar no desenvolvimento e na melhora gradual dentro de uma socialização, devemos observar e respeitar também os limites e particularidades dentro do espectro, nunca force uma resposta, utilize desses métodos para criar uma nova perspectiva e um diálogo mais amplo para melhor inclusão. 


Resposta crítica, agressiva e rispida do Autista:


O Autista poderá apresentar várias desordens neurobiologicas e neurológicas no autismo, essa variação dentro das várias características precisará de um apoio médico e terapêutico qualificado. Não é comum em conjunto com uma comunicação além da inflexibilidade o Autista apresentar uma agressividade e rispidez no meio de comunicação. 


Com essas características o apoio médico e terapêutico se fará necessário, em alguns casos a utilização de medicamentos,  mudança de rotinas e atividades podem auxiliar em sua melhora. Outro ponto importante além dos transtornos é observar pequenos gatilhos como desordens internas não transferidas, com isso os Stimming também podem ser inseridos para apoio e controle interno, em conjunto com suas particularidades e individualidades no espectro. 


Cuide da sua saúde mental,  não aceite as condições coexistentes e Comorbidades que atrapalhem seu processo de desenvolvimento. 


Autista Savant Jacson Marçal @jacsonfier no Instagram.

sábado, 5 de setembro de 2020

As dificuldades no mercado de trabalho para o PcD e demais adaptações a serem discutidas.




Hoje em dia ainda se torna muito difícil a visão da inclusão,  capacitação e profissionalização de Autistas, pessoas com Deficiência e demais associações. 


Por experiência própria, hoje com mais de 30 anos de vida passei por uma época onde mesmo com um diagnóstico de deficiência ativo (Visão Monocular) tive várias dificuldades para me adaptar a esses novos empregos, dentro de minha características Autística iniciei minha jornada de trabalho aos 16 anos de idade, quando consegui assinar minha primeira carteira de trabalho, na época era possível com essa idade iniciar no mercado de trabalho.


No primeiro emprego, comecei como estoquista em uma empresa de materiais elétricos, um trabalho simples mas muito importante para meu aprendizado, em pouco mais de uma semana já tinha decorado todo posicionamento dos materiais e suas ordens para separação de pedido, lembro que mesmo pequena essa loja tinha mais de 10.000 produtos de diversas marcas e utilidades. Logo após aprender uma forma única eee identificar e localizar esses produtos,  o responsável pelo estoque aparentemente ficou assustado e pediu para administração me colocar para apoio ao T.I da empresa pois tinha notado uma capacidade gigantesca de aprendizado e agilidade com demandas manuais e tecnológicas. 


Aqui podemos abrir 2 pontos importantes;


1° O medo do gestor em me manter na atividade refletia uma possível superação nas atividades, incluindo agilidade na separação de produtos, isso deixou um espaço para essa mudança. 


2° Se fosse um Autista ou outro PcD, deveríamos manter o treinamento ou apenas procurar formas de integração para todo aquele cenário?


Com essas duas observações podemos notar uma inexperiência por parte da administração e do setor humano organizacional,  fatores primários avaliativos não foram levados em consideração nessa empresa para tais abordagens. O tempo passou logo já estava dominando o suporte e apoio nessa empresa, ao mesmo tempo já fazia também trabalhos de outros setores como contas a paga e a receber, estava fazendo serviços bancários, movimentação de alto valor para depósito, de maneira manual, sem nenhum suporte ou segurança, porém a empresa continuava me repassando atividades aleatórias, algo típico para época um Auxiliar Administrativo com excesso de atividades, após 2 anos, já iniciando minha faculdade de Humanas, decidi mudar de emprego. Foi aí que tudo mudou.


Em uma empresa multinacional, do ramo de produtos domésticos, utensílios dos mais variados, novamente a oportunidade era para iniciar no estoque, porém após algumas semanas eu fui promovido para área de pós vendas, novamente estava sendo bem avaliado. Novas atividades foram passadas, novas demandas,  cheguei a ganhar o prêmio de melhor pós atendimento ao cliente pela renomada empresa. Porém assim como todas as outras a empresa se mostrou falha quando o tratamento com um Autista assim como qualquer pessoa relacionada a sobrecarga do trabalho.


Recebi uma oferta de mudança de estado, aquilo era muito difícil,  rapidamente disse que não poderia no momento, não queria mudar de cidade. Logo após minha negativa, meus documentos, minha carreira e meu salario foram roubados da minha gaveta, a empresa não prestou nenhum suporte, lembro que na época tudo ficou muito confuso por fim,  muito irritado pedi demissão. 


Notava que as empresas geravam processos para que tudo que fosse feito tivesse ressaltados únicos e exclusivos para seu próprio interesse, que não tinham filtros para lidar com um PcD visual, com autismo ainda não diagnosticado. 


Foi então que decidi me aventurar na área de Call center, primeira etapa, provas, testes, passei tranquilamente, um treinamento longo de 1 mês, para um suporte ao atendimento de clientes que precisavam de apoio direcionados e que queriam por tudo cancelar seus serviços, essa empresa determinava tempo de atendimento, pedia que todos seguissem a risca seus horários,  possíveis inflexibilidades acarretaria em sanções disciplinares que por vezes poderia lhe levar a demissão. Após um ano trabalhando e conseguindo os resultados, fui promovido para um setor novo ao invés de receber ligações eu fazia, tinha ótimo rendimentos, se notava que atividades repassadas assim como são feitas em reforços para autistas surgiam com forte posicionamento de incentivo. Porém faltava gestão, novamente as minhas vitórias e conquistas não tinham o devido valor, a minha ansiedade começava a aparecer naquele ambiente robótico sem novas perspectivas foi então que decidi sair após 3 anos.


Nesse novo emprego, que já tinha um convite formal sobre meu perfil,  eu novamente trabalharia em uma multinacional do ramo de bebidas, começando como Auxiliar administrativo,  em pouco meses me certifiquei e me especializei em várias áreas que envolviam marketing,  trade, comercial e relacionado, logo já estava recebendo promoções,  até chegar no nível estável de supervisão. Nessa empresa já com meus 22 anos, estava muito sobrecarregado, notava que quanto mais fazia o que perdiam mais dores, sufocamento e ansiedade que recebia,  a gestão se mostrava ausente, inapta, sem nenhum preparo para me apoiar, foi aí que percebi a extrema sobrecarga nessa nova empresa, as demandas não paravam, tinha o próprio Bullying (Já contei para vocês) que eu recebia por conta da visão monocular, por causa da minha agilidade nas demandas era dito como estranho e gênio das demandas, filho do diretor, por fazer atividades que eram de responsabilidade apenas dele, a empresa passou por 3 migrações em todas tive diversos gestores mas em nenhum momento o recurso humanos da empresa se mostrava apta ao diálogo com os funcionários.  Por fim cheguei a fazer currículo para um diretor de uma multinacional que tinha medo de ser demitido,  isso me deixava confuso eu fazia atividades para o diretor que era de sua responsabilidade ao mesmo tempo que fazia centenas de demandas agrupadas,  atendendo mais de 40 revendas, 30 Gerentes de vendas e 5 Gerentes Regionais estava no meu extremo. Um pedido de mudança,  novamente negado por mim para uma região sem suporte me deixou totalmente instável, com mais e mais atividades que não paravam de chegar eu travei,  fui demitido.


Eu estava com 24 anos precisava tentar novamente, entre em outra grande empresa agora no ramo dos transportes, alimentos e diversos seguimento, um Gerente de Trade marketing que responderia diretamente o diretor, algo simples a princípio, se não fosse o azar de novamente cair com um diretor e um gerente de vendas que não conseguiam se comunicar, foram 2 cansativos anos, criei novas marcas, produtos, ajudei a empresa a se reerguer, até que não aguentei, os xingamentos do diretor, a falta de profissionalismo do gerente, a cobrança incansável sem preparo, a falta de tato para lidar com pessoas com deficiência, descobri meu autismo nessa última empresa ao 25/26 anos de vida, nada se encaixava, os gestores, a direção não sabia lidar com os próprios funcionários, me vi em meio ao caos, até um dia, indo trabalhar nas minhas férias a pedido do então diretor entrei em pânico, tive um Burnout, travei, fui internado, sentia falta de ar, sentia dores, mais tarde seria diagnosticado com Transtorno de Ansiedade Generalizada, Transtorno obsessivo compulsivo, Transtorno Doloroso Somatoforme,  Fibromialgia,  Burnout,  Pânico e Autismo. 


Conheço várias pessoas assim como eu que tiveram o diagnóstico tardio, ou simplesmente tem o diagnóstico e não conseguem emprego, percebo que a falta de preparo de muitas empresas corroboram para as Comorbidades e Condições Coexistentes associadas ao Autismo, hoje luto pela conscientização do nosso meio, para que empresas se preparem para lidar com os autistas,  com as pessoas com deficiência, indiferente das suas limitações, pois hoje no Brasil vejo um abismo gigantesco sobre a inclusão verdadeira para nosso meio e para com a sociedade, precisamos que a equidade seja colocada em prática, que as cotas sejam ajustadas e que esses gestores tenham uma verdadeira preparação para trabalhar com PcD, que todo setor humano organizacional das empresas se capacitem para essa nova leva de PcDs, Autistas, Adolescentes e adultos que querem apenas ter direito e acesso a um trabalho digno, sem aproveitamento ou sobrecargas indevidas.