quarta-feira, 3 de junho de 2020

Autismo passeando da tranquilidade a falta de senso do perigo.




Era um dia comum, tinha acordado às 07:00 como de costume, esse dia estava muito animado, queria muito ir comprar Pão e Pão de queijo tomei banho escovei os dentes.
Chamei minha noiva para ir comigo, estava voltando a dirigir depois de um tempo sem andar de carro sozinho, como seria rápido eu não tomei meus remédios para ansiedade, agitação e nem estômago, iria tomar quando chegasse.

Bem no caminho eu notei que o trânsito estava um pouco mais puxado, que as pessoas estavam correndo, eu já não me sentia muito bem, muita agitação externa, muito movimento, resolvi fazer meu processo de calma levantar os vidros e ligar o ar condicionado no 2 com a música normal da rádio de costume.

Ao chegar na panificadora, que fica em outro setor, cerca de 8km de onde eu moro, logo fiz o pedido, porém achei o ambiente muito cheio, fiquei bastante inquieto, mesmo assim após 10 minutos tinha conseguido comprar meu lanche da manhã.

Ao retornar, em uma primeira rotatória,  observei um motorista na minha frente com o carro de som muito alto, aquilo já me deixava bastante estressado, na segunda rotatória que seria a mesma que eu iria virar ele entrou de uma única vez passando no meio dela onde ele acabou derrubando um senhor da moto.

Sem pensar duas vezes eu anotei a placa do motociclista e logo acelerei atrás do carro que o derrubou, meu carro como tem um motor potente, 1.9, 16v logo consegui chegar perto do seu carro, foi então que joguei o carro na frente dele e pedi para ele retornar e ajudar o senhor que tinha derrubado, o rapaz se assustou e disse que não iria voltar, foi então que senti minha noiva me puxado, pedindo para acalmar, ele saiu em fuga eu continuei atrás até anotar a placa, chegando em casa eu busquei pela placa, paguei a consulta e passei os dados para o motociclista que me agradeceu muito e iria entrar com processo.

Bem, para alguém animado ou algum Autista essa minha reação seria normal, porém foi totalmente irracional.

*Eu estava com minha noiva no banco do passageiro.
*Eu estava alterado precisando da medicação.
*Eu não tinha nenhuma noção de perigo sobre minha ação.
*Eu não percebi no primeiro momento o risco que poderia correr caso motorista estivesse armado.
*Eu não calculei outras possibilidades como apenas anotar o número ao invés de fechar o outro motorista.
*Eu não tive medo em momento algum.

Como já expliquei aqui várias vezes, o autista pode agir de maneira própria, muitas vezes a noção de senso de perigo pode afetar suas rotinas e também suas ações, devemos sempre observar essas variações mesmo que pequenas.

Após esse ocorrido eu não ando mais sozinho de carro e fiquei com a observação de acompanhante para passeio, viagens e atividades o que gerou uma reflexão maior além do já enquadramento do meu autismo no nível moderado.
Tenha ciência da suas responsabilidades e tente gradativamente pensar mais antes de agir gerindo melhor suas escolhas e ações.

Autista Savant Jacson Marçal @jacsonfier nas redes sociais.

terça-feira, 2 de junho de 2020

Autismo - Dupla Excepcionalidade e demais avaliações.



Autismo - Dupla Excepcionalidade e demais avaliações.

Um tema polêmico, que gera confusão para várias mamães, papais, cuidadores e autistas.

Infelizmente temos uma grande incidência na lentidão de transferência de informações, sobre quem deve ser considerado autista e apresentar Altas Habilidades/Superdotação, Savant, Hipertimesia e outras características relacionadas às suas individualidades

Para entendermos sobre essas características precisamos antes manter alguns padrões de conhecimento básico:

1° O Autismo não tem cura, é um transtorno global do neurodesenvolvimento. (Dúvidas? me siga nas redes e acesse minhas publicações)

2° Conforme DSM 5 o Autista pode passear entre os níveis, leve, moderado e severo indiferente da classificação de seu autismo. (Porém uma melhora não significa cura mas estabilidade nas suas condições Coexistentes)

3° Os níveis podem ser avaliados conforme a estrutura e capacidade individual de cada autista, alguns podem ser observados já com 1 ou 2 anos de vidas outros entre 3 e 4 anos ou apenas após os 6 anos, variando de cada indivíduo e respeitando suas particularidades.

4° A atual CID 10 está em migração para CID 11 o que facilitará as alocações para conceitos adicionais após JAN 2022, você acha a tabela facilmente na Internet.

5° Demais avaliações como Asperger (Termo em descontinuação) Alto Funcionamento, Altas Habilidades/Superdotação, Savant, Hipertimesia e outras características são associativas pela presença de Dupla Excepcionalidade (É necessário uma avaliação e apoio com profissionais capacitados como neuropsicólogo, psicopedagogo, psicólogo entre outros com validação médica profissional)

6° Todos os Autistas podem apresentar AH/SD, Alto Funcionamento ou Savant porém um Savant pode não ser um Autista.

7° O Autista pode também não apresentar nenhuma dupla excepcionalidade significativa, isso não significa que ele não precise de apoio ou acompanhamento pelo seu modo neurodiverso.

8° Todo autista tem capacidade de aprendizado, hoje nosso cérebro poderá ser treinado e adaptado onde se enquadra a classificação de neuroplasticidade, sendo assim atividades, terapias e trabalhos direcionados podem melhorar significativamente a qualidade de vida do autismo e suas Condições Coexistentes e Comorbidades (Isso não significa sair do espectro, termo totalmente infundado utilizado por profissionais que não sabem dividir o que é ser autista ou autismo sobre investigação)

Com essas informações podemos concluir que para a devida adequação devemos observar em conjunto com o devido diagnóstico e apoio profissional capacitado para identificar potencialidades e negativas dentro do espectro autista.

Não adianta ter o TEA identificado sem se enquadrar devidamente, lógico que respeitando a 3°observação.

Tendo essas conclusões podemos observar que devemos criar separações de características embasadas pelos estudos dentro do DSM 5, enquadramento da dupla excepcionalidade e demais avaliações, a junção desse enquadramento deve respeitar os pilares avaliativos e quantitativos para o meio neurodiverso.

Autista Jacson Marçal @jacsonfier nas redes sociais.

sábado, 30 de maio de 2020

Autismo - Sistema Nervoso Central - Sistema Muscular - Esfíncter





Autismo - Sistema Nervoso Central  - Sistema Muscular - Esfíncter

Ao passar do tempo eu apresentei diversas Comorbidades e Condições Coexistentes, tive momentos da minha vida que sentia muitas dores, problemas estomacais, gastrointestinais, micção descontrolada, entre diversas outras características que me causavam desconforto, ansiedade acentuada e pânico.

Meu corpo sempre se curvava nas conversas, meu movimento sempre era de maneira oposta aos demais, minhas mãos já estavam bem retraídas, fazia movimentos rápidos com meu pescoço, os dedos todos contorcidos, não conseguia me ver apenas sentir.

Porém consegui melhorar, tive uma pequena regressão saindo de Leve para Moderado (Relacionado a outros problemas de socialização, essa é outra história 😉) porém consegui melhorar minha qualidade de vida em 80%, sem milagres, promessas ou produtos mágicos, seguindo apenas a ciência e medicina.

Para que possa ajudá-los preciso rebobinar um pouco minha história.

Tive o diagnóstico tardio, processo que começou a mais de cinco anos atrás, gastrite acentuada, refluxo forte, dores no estômago, problemas com o sono, dores no corpo, micção frequente, entre outros problemas. Tinha passado por dois gastroenterologista, otorrinos, urologistas e nenhuma resposta que me ajudasse de verdade.

Foi então que conheci uma médica especializada em patologias gastrointestinais e autismo, ao inicar o atendimento começamos a conversar sobre meus problemas ela logo se mostrou interessada em me ajudar, começamos pelo básico, olhar para o conceito por trás de todo nosso organismo, que vive e pulsa a todo momento, logo começamos a ligar diversos estudos que mostravam a prevalência de problemas musculares no Autismo (Mais de 70%).

Reduzimos os excessos de exames e medicamentos, foi então que fizemos a simples ligação;

Neurodesenvolvimento = Sistema Neural = Sistema Nervoso Central = Sistema Muscular = Todo o corpo.

Para se ter uma ideia temos ligações musculares em todo o no nosso corpo começando pelo cérebro até o nosso último músculo de ligação no pé, temos mais de 40 esfíncteres no nosso corpo que controlam desde o estômago, bexiga e ânus entre diversas outras características únicas que tentam se comunicar em meio a toda essa desordem, sim Autismo = Desordem.

Quando pegamos a Amígdala (Já fiz uma publicação aqui sobre) percebemos que essa pequena parte de nosso cérebro se mostra super ativa, apresentando aceleração ou lentificação em nossos pensamentos, que por sua vez gerará automaticamente a famosa desordem muscular.

Imagine o músculo como um elástico, a capacidade de retorno desse elástico para sua posição inicial seria a comunicação do seu Sistema Neural com sua Amígdala em compensação a sua comunicação entre o Sistema Nervoso Central seria o movimento de uma nova resposta do seu Sistema Muscular. Essa simples ligação explica o que causa os mais variados problemas no Autismo, vamos ver alguns exemplos?

Sistema Nervoso Central = Sistema Muscular = Esfíncter Estômago = Refluxo = Gastrite = Ezofagite = Faringite = Rinite = Otite = Etc …

Sistema Nervoso Central = Sistema Muscular = Esfíncter Bexiga  = Incontinência Urinária = Infecção Urinária = Gatilhos = Insônia/Ansiedade = Etc …

Assim sucessivamente.

Quando eu identifiquei os gatilhos corretos refiz todo o processo de nutrição com ajuda de uma endócrino (Sim eu precisava medir outras taxas) iniciei as terapias e minimizei outras características com medicação.

Hoje com trinta anos sou Autista, Savant com Fibromialgia uma pequena sequela ocasionada pela demora para o devido diagnóstico e apoio, porém sem essa avaliação mesmo que tardia hoje as medicações e tratamentos poderiam ter um efeito bem menor.

Sempre faça a devida avaliação profissional, peça sempre para avaliar questões e ligações com o sistema muscular, basta seguir a linha do neurodesenvolvimento.

Autista Jacson Marçal @jacsonfier nas redes sociais.

sexta-feira, 29 de maio de 2020

Autismo - Televisores - Estereotipias - Quebra



Autismo - Televisores - Estereotipias - Quebra

Venho de uma família humilde, desde pequeno minha mãe sempre trabalhou para me dar as coisas, eu sempre fui inquieto na sala, no momento de assistir televisão, sempre gostava das aberturas dos desenhos, chegava correndo, retirava as roupas, ficavam só de cueca e pegava minha mamadeira (12 Anos), na minha maratona eu ficava de ponta a cabeça no sofá, assistindo os canais olhando ao contrário, com o corpo largado.

Ao passar do tempo eu sempre chegava perto da Televisão para assistir, porém existia algo diferente dos dias atuais, nenhuma televisão ficava acima do meu corpo em comparação ao ambiente, eu também gostava de deitar no ambiente ao invés de ficar em pé 

Após anos, com a descoberta do autismo, comecei a observar as ações de diversas crianças com autismo, que faziam estereotipias na frente da televisão gerando um processo de imitação muito diferente do que eu fazia na época, pulando, se balançando e até danificando os equipamentos.

Foi então que pesquisando mais a fundo descobri uma pesquisa de Oxford feita com 500 crianças Autistas onde foi observado que a posição da televisão afetava diretamente as estereotipias em desordem com seu sistema muscular aumentando o excesso de repetição além de possíveis crises pelo descontrole vestibular.

Sendo assim 87% das crianças que tinham Televisores elevados acabam danificando os aparelhos, essa taxa era 10% maior quando no mesmo ambiente existia excesso de estímulos além de ficarem 76% do tempo em pé;

Rebobinando minha história, lembro que minha sala simples e humilde não tinha nenhuma mesa alta muito menos excessos de estímulos naquele ambiente, chegando a conclusão de que muitas dores de cabeças poderiam ser evitadas pela alteração desse processo.

Segue dicas;

*Mantenha a televisão no campo de visão do Autista;
*Mantenha a televisão em uma altura menor a do Autista;
*Mantenha o ambiente com uma quantidade limitada de estímulos;
*Mantenha um tempo pré estabelecido para a utilização dos aparelhos eletrônicos;
*Evite estereotipias com objetos pontiagudos ou pesados;
*Mantenha os controles sempre em um lugar fixo;

Espero que minha experiência ajude outras mamães e Autistas, utilizando de forma consciente a tecnologia pode ser bem proveitosa e divertida.

Autista Jacson Marçal @jacsonfier nas redes sociais.

domingo, 24 de maio de 2020

Sexualidade e Assexuado no TEA






Antes de definir as características de uma classificação para o enquadramento assexuado no Autismo, devemos sempre consultar profissionais relacionados às características diversas como Endocrinologista, Psiquiatra, Psicólogo, Ginecologista, Urologista entre diversos outros profissionais de apoio primário e secundário.

Estudos apontam que no TEA 3 principais características afetam de diversas formas as ramificações como libido, atração, informação e entendimento no âmbito sexual.

Medicação - A Falta ou utilização em tratamentos podem afetar diretamente o organismo do Autista influenciando o libido direta e indiretamente.

O registro hormonal e farmacológico tem impacto significativo nas características únicas e individuais em cada Autista, nesse caso o acompanhamento com endócrino se faz necessário em conjunto com entendimento próprio sobre o espectro do autismo.

Informações - A Falta de informação e preparação individual por parte da família em escolher o momento devido e as informações de maneira acertava bloqueio o interesse de aprendizado pelo sistema de neurodesenvolvimento.

A necessidade inicia inclui formas de abordagem gradual unilateral.com cada indivíduo do espctro, levando em consideração abordagens terapêuticas ou psicológicas para o devido apoio sem descartar o interesse próprio do autista.

Aprendizado - O Autista assim como os demais pode gerar um espelho único para tais apegos emocionais blindando características de aprendizado social para convívio entre os demais.

Segue alguns exemplo;

  • Uso de recursos visuais, dramatização

  • Uso de exemplos concretos e específicos em vez de conceitos abstratos

  • Dividindo grandes blocos de informações em segmentos menores e seqüenciais

  • Permitindo tempo para comentários e perguntas

  • Manter breves discussões sobre sentimentos para não confundir ou sobrecarregar

  • Fornecer visões gerais e estrutura da lição

  • Inclua estratégias e exemplos específicos de resolução de problemas

Vale lembrar que por questões próprias a definição assexuada deverá seguir padrões únicos após as avaliações necessárias em conjunto com o aprendizado individual de Autista .

O Relatório TEACCH publicado no Reino Unido mostra justamente esses efeitos no meio Autístico, ele foi um dos primeiros a reconhecer que indivíduos com autismo têm os mesmos desejos e comportamentos sexuais humanos que  os demais e que aqueles com TEA têm o direito de expressar sua sexualidade ao maior nível possível. Esses princípios enfatizam, portanto, a necessidade de educação sexual para pessoas com TEA, para que possam ser integrados às regras da nossa sociedade com relação a quais comportamentos sexuais são considerados apropriados ou inadequados.

Também com os estudos recentes de M. Bondi Polychronopoulos em avaliações realizadas em conjunto com grupo de crianças, adolescentes e adultos de 2008 até  2013 mostrou extrema variações em grupos que tiveram o entendimento apoiado para conceitos influenciaram seu desenvolvimento, dentro do grupo de controle apenas 0,3% de todo grupo de 56.000 não desenvolveu características de interesse sexual por alguma das estruturas avaliadas.

Fonte:

https://www.intechopen.com

Autista Jacson Marçal @jacsonfier nas redes sociais.

sábado, 16 de maio de 2020

REFLETINDO sobre o TEA, cura e deficiência



Vamos abrir nossa mente para racionalizar sobre o que é o Autismo e o que ele representa sobre a característica internacional de enquadramento dentro de um aspecto de deficiência? Convido vocês a refletirem sobre tais pontuais que acercam nosso meio.

Quando se tem uma sequela, processo fixo e permanente que seja causada pelo processo de neurodesenvolvimento isso transforma a programação e estruturação neural parte do processo único e fixo, além do já conhecido processo evolutivo, nesse estágio de programação da nossa estrutura neural somos colocados em uma característica única, seja pelo modo de pensar, agir ou nos enquadrados no meio social.

Precisamos também respeitar a singularidade e particularidade individual de cada autista, antes de continuarmos com essa explicação, preciso que você entenda que cada estrutura de um DNA ou de processo que afete a ordem causando desordem nesse meio deve ser respeitado, tudo pode partir do princípio porém poderá ser alterado em sua trajetória respeitando e entendo suas consequências.

Como indicado pela neurociência e neuropsiquiatria o processo de neurodesenvolvimento do autismo se trata de uma característica que poderá ser criada (Como em uma patologia) ou reestruturada em sua criação (Como em sua carga genética, X-Fragil, TEA, Etc…) sendo assim não será possível ainda, em critérios de programação neural descontruir e reconstruir o cérebro de um Autista garantindo sua real originalidade.

Como assim Jacson, não seria possível obter a cura do autismo? De certa maneira ainda não, mesmo que possível em um futuro implicaria na originalidade e essência única de cada indivíduo.

Uma simples comparação se dá pela possibilidade do teletransporte, (Sim vou utilizar essa teoria para exemplificar o desenvolvimento cerebral) hoje disponível pela réplica de 2 fótons onde um deixa de existir para que outro tome o seu lugar, o teletransporte já é possível, porém ele implica uma série de fatores que minimizam suas espectativas atuais em aplicação humana, então quem será a primeira cobaia para, quando, se em um futuro próximo for possível, deixar de existir para que outro de você se colocar em seu lugar sem suas características Autísticas? Conseguem entender o motivo de Elon Musk ser rebatido por neurocientistas? (Em 2019 ele cogitou curar o Autismo e D.I, a sociedade científica mundial derrubou por terra qualquer possibilidade estrutural que garantisse a originalidade de tais indivíduos)

Sendo assim podemos afirmar categoricamente e cientificamente que o Autismo não se trata de uma doença visto que já se comprova pela sua característica da sequela fixa (Miningite, Infecções que afetem o SNC, Sarampo, e outras patologias neurológicas) ou processo genético comprovado pela sua maioria (97% do Autismo é genético, sendo 82% hereditário), entendemos que muitos não queiram se enquadrar como deficientes, porém devemos ponderar e respeitar a características de que alguns autistas que precisem e tenham seu total direito respaldado pela sua característica Autística individual, se fazendo necessário esse enquadramento para uma porcentagem de nosso meio que precisem de apoio e que além de tudo defendam nossa busca pela equidade em nossa sociedade.

Autista Jacson Marçal @jacsonfier nas redes sociais.

domingo, 10 de maio de 2020

SAINDO DA CAMUFLAGEM AUTÍSTICA



Muitas dúvidas, muitos questionamentos sobre o que é ser Autista, acredito que essa dúvida maior só ocorre quando não sabemos se aceitamos ou não ser Autistas.

No processo de neurodesenvolvimento todos os dias sou questionado sobre características singulares e particulares que muitas vezes se repetem em nosso meio neurodiverso, como algumas a seguir;

Jacson você gosta de festas?
Jacson você consegue se sentir bem em um ambiente externo?
Jacson você fica irritado às vezes?
Jacson como são suas estereotipias?
Jacson você tem sua hipersensibilidade constante?
Jacson você tem sentimentos?
Etc...

A resposta está la, está no seu interior, na sua essência, cada autista tem uma particularidade individual, porém em grande maioria tem seus ritos, estereotipias e características que se repelem em meio aos neurotípicos.

Vamos utilizar o exemplo do primeiro questionamento? Eu odeio festas, eu não gosto de surpresas, isso define minha característica particular com reações novas ou a sensibilidade de saber que essa data representa algo incomum e desnecessário para a comemoração constante e repetitiva, porém por viver em um meio social tenho que me camuflar parcialmente para evitar maiores retrações.

Queria eu como Autista não ser obrigado a explicar essas particularidades, porém seria eu mais incoerente ainda em achar que outras pessoas, neurotípicos, entendessem o profundo e vasto meio de pensamento que se passa em minha mente.

Autistas podem não definir uma única estratégia de negar o que para muitos é extremamente necessário, como a extrema necessidade de mostrar afeto, carinho constante e irrefutável, acredito que o afeto dentro desse aspecto já seja provado pelas experiências diárias de convívio e desenvolvimento social que enfrentamos diariamente.

Um convite para as dúvidas de plantão, as vezes devemos comparar menos, pode ser o primeiro caminho para aceitação de ser quem você sempre foi nesse vasto meio neurológico de seu neurodesenvolvimento.

Aceite ser quem você é sem se preocupar com as máscaras que a sociedade lhe cobra, essa liberdade da camuflagem social lhe trará liberdade, vai por mim, já carreguei esse fardo por vários anos antes do meu diagnóstico e não tem nenhum valor real para os neurotípicos, minha única descoberta foi saber que a liberdade de expressão sem comparação lhe mostrou o melhor de mim para com a sociedade.

Autista Jacson Marçal @jacsonfier nas redes socais.